segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dislexia


Associação Brasileira de Dislexia


A chegada à idade escolar inaugura uma nova fase na vida da criança e exige atenção extra dos pais. Dificuldades na aprendizagem, por exemplo, podem ser um sinal de dislexia, distúrbio que atinge cerca de 15% das crianças nessa idade segundo a Associação Brasileira de Dislexia. Veja nesta edição do Especial Cidadania como identificar os sinais do problema e a quem recorrer para que a criança disléxica tenha o melhor tratamento e possa superar suas dificuldades.

Dislexia é uma desordem neurológica de origem genética e com alto índice de hereditariedade. Por causa desse distúrbio a pessoa disléxica tem dificuldade em associar os símbolos e as letras ao som que eles representam e não consegue organizá-los mentalmente numa seqüência coerente.
Estudos afirmam que o lado direito do cérebro do disléxico é mais desenvolvido, o que explicaria sua maior habilidade em algumas áreas. Por outro lado, determinados neurônios da pessoa com dislexia parecem conectar-se de forma diferente da dos não-disléxicos, fazendo com que o portador do distúrbio tenha menor coordenação motora e dificuldades no mecanismo de transição ocular – ao mudar o foco dos olhos de uma sílaba para outra o disléxico percebe a palavra como se estivesse borrada, como se as letras dançassem ou pulassem diante dos seus olhos, dificultando sua identificação.
A dislexia, portanto, não tem nenhuma relação com burrice, preguiça ou desinteresse em aprender. Ao contrário, muitos disléxicos têm inteligência acima da média. Também não é uma doença e não requer medicação.
A pesquisa sobre a dislexia avança, mas ainda há muitas dúvidas, discordâncias e controvérsias em relação a vários pontos. O certo é que essas dificuldades afetam um grande contingente de pessoas, que apresentam diferentes combinações de sintomas de modo absolutamente único e pessoal, em intensidades que variam entre o sutil e o severo. Em algumas delas há um número maior de sintomas e sinais; em outras, são observadas somente algumas das seguintes características.
Pré-escola
• Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem
• Dificuldade com quebra-cabeças
• Dificuldade em aprender rimas e canções
• Dispersão, falta de concentração
• Falta de interesse por livros impressos
• Fraco desenvolvimento da coordenação motora
• Idade escolar
Dificuldade para ler e escrever
• Problemas com a ortografia (para escrever as palavras usando as letras e símbolos corretos) e letra "feia" (disgrafia)
• Dificuldade em soletrar
• Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras)
• Desatenção e dispersão
• Dificuldade em copiar de livros e do quadro-negro
• Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa (ginástica, dança etc.)
• Desorganização geral (constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares)
• Confusão entre esquerda e di-reita
• Dificuldade em consultar mapas, dicionários, listas telefônicas etc.
• Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas
• Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, re-cados etc.
• Dificuldade em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, tabuada etc.
• Dificuldade na compreensão dos símbolos e operações matemáticos, em decorar tabuada e no desenho geométrico (discalculia)
• Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia)
• Troca de letras na escrita
• Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua
• Problemas psicológicos como depressão, timidez excessiva ou falta de entrosamento (o disléxico pode ser escolhido pela turma como alvo de brincadeiras que o desqualificam)
Adultos
• Dificuldade na leitura e escrita
• Memória imediata prejudicada
• Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua
• Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia)
• Dificuldade com direita e esquerda
• Dificuldade em organização
Aspectos afetivos emocionais prejudicados, depressão, baixa auto-estima e, por vezes, uso abusivo de álcool e drogas
Percebido o problema, deve-se procurar um fonoaudiólogo ou um psicólogo. É preciso ouvir ainda um neurologista, um oftalmologista e um psicopedagogo, conforme o caso.
Como os sintomas que podem indicar dislexia são encontrados também em várias outras situações, todas as possibilidades, como déficit intelectual, problemas de visão e audição, lesões cerebrais, problemas afetivos, etc., devem ser avaliadas antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia.
A fonoaudióloga e mestre em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ana Tereza Dalden, adverte que é preciso ter muito critério no diagnóstico, pois muitas das dificuldades em ler e escrever são causadas por deficiências na alfabetização e não por qualquer distúrbio da criança. "Num país cuja educação enfrenta grandes problemas, tomar todas as dificuldades de aprendizagem como dislexia é um grande equívoco", enfatiza.
Embora seja ideal diagnosticar a dislexia no início da alfabetização, o tratamento também pode ajudar muito os adolescentes e adultos.
Há estudos que sugerem que, com acompanhamento adequado, as conexões neuronais podem até se refazer, sanando quase completamente o problema.
A maioria dos tratamentos usa técnicas para a assimilação de fonemas, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e a fluência na leitura, que ajudam o disléxico a reconhecer sons, sílabas, palavras e frases.
Para começar é preciso levantar o histórico familiar e os problemas na aprendizagem para dar aos profissionais o máximo de informação. Bom diálogo, troca de experiências e sintonia de procedimentos entre o profissional, a escola e a família também são fundamentais.

sábado, 29 de janeiro de 2011

DISFAGIA


É a dificuldade para engolir. A alteração da deglutição pode ser causada por doenças neurológicas, trauma, desuso ou doenças musculares. A disfagia pode ser: Oral, Oro-Faríngea e Esofageana.

Disfagia Oral:
O paciente pode ter dificuldade no fechamento dos lábios, deixando escoar resíduos alimentares pela boca; problemas com a mastigação, acumulando resíduo alimentar dentro da boca, mesmo após a deglutição; a movimentação e a força da língua poderão estar alteradas; demoram muito tempo com o alimento na boca.

Disfagia Faríngea:
Existe dificuldade em conter o alimento na boca, com escape precoce para a faringe; atraso ou ausência no disparo do reflexo de deglutição; presença de resíduos alimentares na faringe; penetração de saliva ou alimento no nível das pregas vocais; aspiração de saliva ou alimento(entrada na via respiratória).

Disfagia Esofageana:
Pressão no peito; sensação de alimento “parado” no meio do caminho; motilidade da musculatura esofageana diminuída; relaxamento do esôfago, fazendo refluir o conteúdo alimentar; diminuição da luz do esôgago, ou seja, do diâmetro do esôfago, dificultando a passagem do alimento.

Qual o caminho certo que o alimento deve percorrer?

Tudo começa com a ajuda dos lábios, que buscam o alimento no talher. A língua ajuda a movimentar o alimento dentro da boca, para que possa ser triturado e amassado pelos dentes. Ao final da mastigação, a língua impulsiona o alimento para trás, com a ajuda da força dos lábios que estarão fechados, aumentando a pressão dentro da boca, para que o alimento desça eficientemente.

O alimento chega ao esôfago, que realiza contrações involuntárias, conduzindo o alimento ao estômago e, em seguida, ao intestino.

O que é broncoaspiração?

É quando o alimento, saliva ou secreção faz o trajeto errado. Em vez de ir para o estômago, penetra na laringe, passando pelas pregas vocais, traquéia e chega aos pulmões, podendo desenvolver uma pneumonia.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SÁBADO, 8 DE JANEIRO DE 2011
Exame de sangue facilita diagnóstico precoce de Alzheimer
NOVA PESQUISA IDENTIFICA DOENÇA PELOS ANTICORPOS QUE O ORGANISMO PRODUZ
por New Scientist

Um grupo de pesquisadores norte-americanos anunciou uma nova técnica para testes sanguíneos que poderia diagnosticar o mal de Alzheimer de maneira precoce por meio dos anticorpos que o organismo produz.
Muitos testes para diagnósticos usam antígenos – proteínas ou outras partículas modificadas e estranhas para o corpo que fazem com que nosso sistema imunológico produza anticorpos para combatê-las. Se você identifica o anticorpo, pode reconhecer também a doença. Mas ainda não se conhece quais antígenos provocariam a produção de anticorpos para lutar contra o mal de Alzheimer.
A hipótese do cientista Thomas Kodadek, do Instituto de Pesquisa Scripps, dos Estados Unidos, é que os antígenos do Alzheimer seriam biomoléculas naturais, mas com alguma coisa de errado. A ideia é que elas podem ser moléculas naturalmente encontradas no corpo humano, mas com a forma modificada.

Os pesquisadores sintetizaram milhares de peptóides– moléculas artificiais parecidas com moléculas naturais chamadas peptídeos, naturalmente encontrados em nosso corpo – e usaram-nas como isca para a liberação dos anticorpos.
A equipe fez os primeiros testes em ratos com esclerose múltipla e conseguiram distinguir os animais saudáveis dos doentes. Depois, fizeram o mesmo procedimento em seis pessoas com Alzheimer, seis portadores de mal de Parkinson e seis saudáveis para controle. O teste ajudou a identificar três anticorpos específicos dos portadores de Alzheimer.
O teste teve 93% de eficácia. O estudo pode ser uma esperança para diagnosticar precocemente o Alzheimer com um simples exame sanguíneo. Em seguida, para ter confirmação do diagnóstico seria necessário fazer um exame mais detalhado do cérebro da pessoa.
Atualmente, os médicos fazem o diagnóstico baseados nos sintomas clínicos do paciente, que acontecem quando a doença já está muito avançada. Será preciso muito mais pesquisas e testes em pessoas diferentes para avaliação da precisão e abrangência do novo teste.
Apesar dos avanços em reconhecer a doença antes que a pessoa manifeste os sintomas, quem porventura conseguir descobrir que irá desenvolvê-la no futuro não poderia fazer muito, já que não há cura e nenhum medicamento que efetivamente consiga barrar o progresso do Alzheimer. Mas a descoberta da cura passa também pelo diagnostico precoce, acreditam os cientistas. E a técnica desenvolvida poderá até ajudar na identificação de outras doenças.
Extraído da Revista Galileu.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Interação entre Ortodontia e Fonoaudiologia

Ao iniciar o exercício de sua atividade, o profissional assume responsabilidades irreversíveis diante da sociedade como um todo, perante os pacientes e colegas de profissão. No entanto, a eficácia dos tratamentos, com a constante evolução e velocidade da divulgação de conhecimentos, depende, muitas vezes, do trabalho em equipe.
Há muitos anos se fala da importância de inter-relação profissional e da necessidade de se trabalhar em conjunto. Acredita-se que essa idéia é decorrente da conscientização dos profissionais em relação às possibilidades e limitações de suas especialidades e por isso, buscam ajuda em outras, para melhor tratar seu paciente.
O significado da palavra parceria é reunião de pessoas para um fim comum. Na parceria Odontologia e Fonoaudiologia a meta é a resolução dos problemas das pessoas que procuram o tratamento, especificamente, do sistema estomatognático.
A terapia miofuncional (orofacial e cervical) é útil em muitas especialidades odontológicas e visa à correção das alterações motoras e sensoriais do sistema estomatognático, das funções de respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala, quando alteradas.
Na Ortodontia, os dentes são mantidos em equilíbrio graças à atuação de forças de contenção interna e externa mutuamente, e, portanto, se não houver ajustes funcionais, existe a possibilidade de recidivas. Na Odontopediatria, o trabalho em equipe é presente nas ações preventivas, especialmente no controle dos hábitos deletérios, incluindo desde a conscientização da necessidade da amamentação para o desenvolvimento da sucção até a intervenção na respiração oral.
Na Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, a intervenção fonoaudiológica pode ser vista nos períodos pré e póscirúrgico da cirurgia ortognática, atuando sobre as alterações da motricidade orofacial (e cervical). A pressão incorreta da língua contra os dentes pode comprometer a saúde do periodonto, demonstrando a ação da terapia junto à Periodontia. Além disso, existe também o trabalho em equipe na Reabilitação Oral, por meio de ajustes de mastigação e disfunções da articulação temporomandibular (ATM), bem como na musculatura para-protética e até mesmo, na estética. A Motricidade Orofacial é, portanto, o campo da Fonoaudiologia voltado para o estudo/pesquisa, prevenção, avaliação, diagnóstico, desenvolvimento, habilitação, aperfeiçoamento e reabilitação dos aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial e cervical.
Há como se mostrar a correlação entre a Odontologia – em especial a Ortodontia e a Ortopedia Funcional dos Maxilares – e a Fonoaudiologia, por meio do estudo das funções reflexo-vegetativas orais de respiração, sucção, mastigação e deglutição, funções que constituem o elo de ligação entre essas atividades profissionais. Para a Fonoaudiologia, tais funções são consideradas pré-lingüísticas e para a Odontologia são funções responsáveis pela estabilidade dos dentes e suas inclinações axiais corretas. Toda a musculatura é interligada. Os músculos da cabeça se relacionam com os do corpo todo, até mesmo com os músculos dos pés. O respirador oral pode ter várias alterações posturais, apresentando até uma tendência a “pés chatos”. Portanto, uma correção ortodôntica só pode manter-se adequada se a oclusão alcançada ao final harmonizar-se com a musculatura do paciente. É importante o trabalho em equipe nas disfunções do sistema estomatognático, especialmente na respiração oral, cujo tratamento normalmente envolve quatro especialistas: ortodontista/ortopedista facial através do acompanhamento do desenvolvimento crânio-facial e correção das alterações oclusais; fonoaudiólogo através da terapia miofuncional, reeducando diversas funções; otorrinolaringologista com o diagnóstico e tratamento das etiologias das disfunções nasofaríngicas; e o fisioterapeuta que corrige os distúrbios corporais. Portanto, no tratamento de pacientes portadores de distúrbios respiratórios o ideal é estimular a atuação multidisciplinar que envolva condutas de prevenção e tratamento precoce. Uma revisão de literatura voltada para a interação entre Odontopediatria e Fonoaudiologia enfocou a remoção dos hábitos orofaciais deletérios – sucção digital, sucção de chupeta, deglutição atípica e respiração oral. Com a variedade dos fatores desencadeantes e das características desses hábitos, torna-se fundamental a necessidade da atuação interdisciplinar entre o odontopediatra e o fonoaudiólogo, pois os mesmos visam à manutenção das estruturas orais e suas funções. Concluiu-se que para que haja tal integração é fundamental que esses profissionais tenham conhecimento das funções estomatognáticas assim como as alterações, causas e prejuízos morfofuncionais. O sucesso do tratamento depende do diagnóstico e intervenção precoce, juntamente com a realização de programas preventivos durante o desenvolvimento da criança. Uma pesquisa na forma de questionário envolvendo odontopediatras, ortodontistas, fonoaudiólogos, pediatras e psicólogos abordou os hábitos orais de sucção não-nutritiva, dedos e chupeta. Após a análise dos dados concluiu-se que o aleitamento materno é o melhor método de prevenção de hábitos orais deletérios, e que apesar desses hábitos serem a problemática comum desses profissionais, existe pouca interação entre as especialidades, comprometendo, dessa maneira, o sucesso na prevenção e tratamento desses casos. Outra pesquisa analisou a interação entre fonoaudiólogos e cirurgiões-dentistas através de um questionário respondido por 52 profissionais, dentre as especialidades de Odontopediatria, Ortopedia Facial, Ortodontia, Periodontia e Cirurgia Buco-MaxiloFacial que atuam na capital sul-matogrossense. Os resultados mostraram que os cirurgiões-dentistas costumam encaminhar pacientes, com freqüência, para avaliação fonoaudiológica, demonstrando a existência de relativa interação entre os dois profissionais, e com trocas de informações ao longo do tratamento. A despeito, existe em muitos casos, falta de conhecimento sobre quais casos necessitam de intervenção fonoaudiológica e o momento apropriado para a realização da mesma. Destacou-se a ineficiência na divulgação do trabalho fonoaudiológico por parte da classe, sendo necessária maior divulgação da técnica, a fim de que se estabeleça diálogo franco entre cirurgiões-dentistas e fonoaudiólogos, culminando no aperfeiçoamento profissional. O trabalho em equipe deve se embasar nos “4C”: coerência, comunicação, compreensão e coordena-Inter-relação entre Odontologia e Fonoaudiologia. O modo de trabalhar necessita ser aberto e de correto estilo profissional. Assim, a relação com os profissionais deve ser clara, precisa e ampla, para se evitar equívocos, erros ou retrocessos, pois trabalhar em equipe é enfrentar um problema comum a várias especialidades em que são enfocados diferentes pontos de vista, visando o benefício do paciente. Alguns fatores caracterizam a estreita inter-relação entre a Odontologia e a Fonoaudiologia, como o caráter anatômico, por ser a boca o órgão da mastigação e da fonação, e o caráter funcional, baseado na correspondência entre a forma e a adaptação. A riqueza de um trabalho interdisciplinar, além de se buscar um objetivo comum, está também condicionada aos níveis de conhecimento e experiência das pessoas especialistas da equipe e isto é importante porque permite comparar conhecimentos, fortalecendo a idéia de que estes são transitórios, questionáveis e necessitam ser debatidos. Mas esta prática não é fácil. Apesar de haver, muitas vezes, o uso indiscriminado de termos como equipe multidisciplinar, interdisciplinar e outros, sugere-se o uso de Equipe ou Trabalho Multiprofissional quando do trabalho em equipe com profissionais de outras áreas, pois cada profissional desta equipe tem distintas especialidades, mas nem sempre com interesse comum. Quando houver o interesse comum, visando a um mesmo objetivo, será uma Equipe Interdisciplinar. Foi realizado um estudo longitudinal envolvendo 18 crianças portadoras de deglutição atípica, com idade média de 9,5 anos. A amostra foi dividida em 2 grupos. No grupo A foi realizada terapia miofuncional associada à mecânica ortodôntica, e o grupo B submetido apenas ao tratamento ortodôntico, que consistia no uso de placa reeducadora e placa impedidora, com a finalidade de corrigir os padrões e alterações de posicionamento lingual. Analisou-se o índice de recidiva de deglutição atípica após 3 anos, verificando que houve um comportamento semelhante entre os grupos. A recidiva ocorrida foi em apenas um paciente do grupo B, mas esta não pôde ser relacionada à técnica de tratamento utilizada, porém os autores concluíram que, em termos gerais, a terapia miofuncional associada ao uso das placas ortopédicas forneceu melhores condições para mudanças na deglutição, tanto em posição de repouso quanto na realização da função.
Realizou-se um trabalho multidisciplinar entre ortodontistas e fonoaudiólogos, com 40 pacientes especiais, portadores de má oclusão e respiração oral. A equipe era composta por 17 cirurgiões-dentistas participantes do curso de Ortopedia Funcional dos Maxilares, realizado no Centro de Aperfeiçoamento Profissional e Especialização do Sindicato dos Odontologistas de São Paulo e, por 15 fonoaudiólogas. Receberam apoio de psicólogos, otorrinolaringologistas e odontopediatras. Ao final de um ano de tratamento puderam observar ótimos resultados, uma vez que as avaliações, planos de tratamento e altas foram estabelecidas em conjunto. Paralelo a este trabalho clínico multidisciplinar, os profissionais responderam a um questionário relacionado ao assunto. Neste questionário, fonoaudiólogas e ortodontistas afirmaram que já tinham vivenciado o trabalho integrado em seus consultórios, porém muitas vezes, as decisões eram tomadas de maneiras individuais, diferentemente dos atendimentos realizados durante o curso, que demonstraram excelentes resultados. Um estudo comparou 17 pacientes, na faixa etária de 12 a 18 anos, em tratamento ortodôntico, com e sem terapia fonoaudiológica. Todos eles apresentavam dentição permanente saudável e má oclusão Classe II de Angle. Foram submetidos à avaliação da mastigação, antes do início do tratamento com ortodontia fixa. Houve a divisão em dois grupos, sendo que um recebeu somente o tratamento ortodôntico, e outro, o atendimento ortodôntico e fonoaudiológico. Em ambos os grupos foram realizadas duas reavaliações da mastigação. Foi verificado, através da análise dos resultados do tratamento ortodôntico dos pesquisados, que as alterações miofuncionais orofaciais e cervicais são corrigidas ou amenizadas com a intervenção fonoaudiológica através de terapias empregadas pela Motricidade Orofacial. Concluiu-se que mesmo com a oclusão corrigida, a mastigação continuou alterada, sendo necessário, portanto, a intervenção fonoaudiológica. Também existem casos em que as alterações estomatognáticas são auto-corrigidas com a finalização do tratamento ortodôntico.
Relatou-se um caso clínico de criança de 4 anos de idade submetida à avaliação odontológica e fonoaudiológica. Após o diagnóstico interdisciplinar, iniciou-se o tratamento ortopédico dos maxilares com o uso do expansor e, posteriormente ao uso deste aparelho foi feita a tração maxilar com o uso da máscara facial. Neste momento, também houve início da terapia fonoaudiológica, que foi realizada num total de 31 sessões. Ao término do tratamento, observou-se normalidade nas questões musculares e oclusais, permitindo concluir que o aspecto fundamental para o sucesso do tratamento é o diagnóstico precoce tanto dos problemas faciais e oclusais quanto dos funcionais, alertando para a importância da terapia interdisciplinar.
Um caso clínico também foi relatado envolvendo uma criança com 7 anos e 10 meses de idade, em fase de dentição mista e respiradora oral, com o hábito de sucção do polegar. Apresentava mordida aberta anterior, inclinação vestibular acentuada dos incisivos superiores, projeção lingual, hipotonia muscular perioral. A abordagem interdisciplinar, através da atuação conjunta do odontopediatra, fonoaudiólogo e psicólogo foi responsável pelo sucesso da remoção do hábito de sucção do polegar.
Outro estudo também comparou, por meio de avaliação fonoaudiológica miofuncional, a respiração e a mastigação de pacientes em tratamento ortodôntico com e sem intervenção fonoaudiológica associada. A amostra com 17 sujeitos, apresentando idade média de 13 anos, foi dividida em dois grupos: Grupo Ortodôntico (GO) e Grupo Ortodôntico/Fonoaudiológico (GOF). Ambos os grupos foram submetidos à avaliação fonoaudiológica miofuncional. A terapia miofuncional iniciou-se com a função respiratória, já que as alterações no padrão respiratório independem da má oclusão. A função mastigatória começou a ser trabalhada a partir do momento que haviam ocorrido modificações na relação oclusal que poderiam estar causando atipias no padrão mastigatório. Os grupos foram reavaliados duas vezes no período da intervenção fonoaudiológica e uma última avaliação foi feita na fase final do tratamento ortodôntico. A intervenção fonoaudiológica no grupo GOF, foi realizada com sessões de 15 minutos a cada 21 dias, portanto, diferente do processo terapêutico em que as sessões são semanais e com tempo maior. Concluiu-se que o tratamento ortodôntico propiciou modificações no padrão respiratório e na mastigação, contudo, no grupo em foi realizada intervenção fonoaudiológica mostrou-se mais efetivo, diminuindo a possibilidade de recidivas.
Apresentou-se um caso clínico cuja evolução terapêutica no tratamento multidisciplinar não foi satisfatória, tanto do ponto de vista ortodôntico como fonoaudiológico, comprometendo o resultado final. A evolução do prognóstico do tratamento de desequilíbrio do Sistema Sensório Motor Oral se mostrou lenta e não houve o envolvimento familiar com o tratamento. A criança, respiradora oral fez uso da mamadeira e chupeta até os 4 anos de idade, fatos que provavelmente contribuíram com o desequilíbrio do sistema estomatognático, como desalinhamento dos dentes, flacidez da musculatura facial, alteração na respiração, mordida cruzada dos caninos, bilateralmente, com mordida aberta anterior. Apesar do fato da criança realizar a terapia fonoaudiológica na freqüência de uma vez por semana e possuir consciência do trabalho e conhecimento dos objetivos de todos os exercícios realizados, os resultados não foram os esperados. A proposta era que se obtivesse a normalização funcional e morfológica, através de exercícios mioterápicos realizados em seqüência lógica, buscando a aquisição e o estabelecimento de um novo padrão das funções neurovegetativas. Concluiu-se que o fracasso no atendimento multidisciplinar do menor coube principalmente à dificuldade dos profissionais quanto à motivação e quanto ao envolvimento dos familiares.
O tema - Inter-relação profissional - é extremamente importante não só para ortodontistas, odontopediatras e ortopedistas faciais, mas também para o clínico e os especialistas que trabalham com uma visão global e vêem o paciente como um ser complexo no qual, muitos aspectos, inclusive os emocionais, podem desencadear problemas orgânicos e/ou funcionais. Vários distúrbios podem afetar o sistema estomatognático, em menor ou maior grau, em suas funções ou estruturas, e o fonoaudiólogo, é um profissional que deve fazer parte da equipe.

Texto retirado da revista Cefac 2006.

Soletração e dislexia

Pesquisadores têm enfatizado que a dificuldade de soletração tem-se evidenciado como um sintoma muito forte da Dislexia. Há o resultado de um trabalho recente, publicado no jornal Biological Psychiatry e referido no The Associated Press em 15/7/02, onde foram estudadas as dificuldades de disléxicos em idade entre 7 e 18 anos, que reafirma uma outra conclusão de pesquisa realizada com disléxicos adultos em 1998, constando do seguinte: que quanto melhor uma criança seja capaz de ler, melhor ativação ela mostra em uma específica área cerebral, quando envolvida em exercício de soletração de palavras. Esses pesquisadores usaram a técnica de Imagem Funcional de Ressonância Magnética, que revela como diferentes áreas cerebrais são estimuladas durante atividades específicas. Esta descoberta enfatiza que essa região cerebral é a chave para a habilidade de leitura, conforme sugerem esses estudos.

retirado do site: www.dislexia.com.br